Maceió foi palco de um evento de grande importância no cenário esportivo escolar brasileiro neste mês. Entre os dias 9 e 11 de junho, a cidade recebeu a segunda etapa dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs) Sub-18. Durante esses dias, judocas de todo o país competiram no Ginásio Lauthenay Perdigão, no Trapiche, em busca de uma vaga na Gymnasiade, competição internacional que acontecerá no Bahrein, no Oriente Médio, de 23 a 31 de outubro deste ano.
Entre os entusiastas e colaboradores do evento, tivemos um rosto conhecido aqui na Espaço Educar, o professor de judô Márcio Pereira, que é dirigente da Federação Alagoana de Esportes Colegiais (FAEC) e que participou dos JEBs, um evento que ele vê como uma oportunidade única tanto para os atletas quanto para os técnicos.
“Vieram as seleções A, B, C e D do Brasil, da CBJ (Confederação Brasileira de Judô). E dentre esses atletas, estiveram jovens que farão parte do próximo ciclo olímpico. Para mim, como professor de judô, isso é um momento ímpar, pois tive informações, conversei com os técnicos, estive presente no treino antes da competição, assisti as lutas de perto. Vivi tudo isso em dois dias de competição.”
Além de um professor dedicado, Márcio também é o presidente do Instituto Cândido Teles, um projeto social que oferece aulas de judô a crianças e adultos de todas as idades.
“Nós tiramos crianças do risco de se envolverem com más companhias e, hoje, uma grande alegria nossa é que temos vários atletas que, além de se tornarem faixa preta, estão na faculdade ou já se formaram. Não trabalhamos apenas formando atletas, mas sim formando cidadãos; esse é o objetivo principal.”
Na Espaço Educar, Márcio ensina judô para os alunos do 1° ao 5° ano, e acredita na aplicação de uma abordagem mais abrangente durante as aulas, unindo aspectos físicos, cognitivos e sociais, que é característico desta arte marcial. Ele explica: “Hoje em dia, as crianças estão sendo criadas em apartamentos, em locais fechados, onde não há espaço para elas se divertirem, correrem, pularem, coisas que eu fazia na minha infância. Aqui, eu tento resgatar esse ambiente.”
Tendo como princípio básico o respeito mútuo e a disciplina, o judô é conhecido como uma modalidade que atua de maneira positiva no comportamento social das crianças. Com uma longa trajetória no esporte e um compromisso com a formação integral de seus alunos, Márcio acredita que o judô oferece mais do que apenas habilidades esportivas: “No judô, você tem que pensar muito rápido porque precisa derrubar, atacar, se defender, e contra-atacar. Então, isso desenvolve a parte cognitiva da criança, você tem que pensar muito rápido. E na parte social: o judô é um esporte individual, mas, se não houver pensamento coletivo, o atleta não cresce. Tenho alunos de 5, 6 anos de idade com colegas de 10 e 11 anos. Não há segregação. Isso faz com que eles se tornem amigos e aumentem esse leque de amizades.”
A participação de Márcio nos projetos da escola e nos Jogos Escolares é um testemunho do seu comprometimento com o esporte e com a educação integral dos seus alunos. Seu trabalho não apenas promove a prática do judô, mas também prepara jovens para serem cidadãos responsáveis e conscientes, prontos para enfrentar os desafios da vida com disciplina e respeito.
“Mesmo que eu não consiga fazer um campeão de judô, com certeza terei um aluno disciplinado, educado, que respeitará o professor e os pais. Os ensinamentos do judô não ficam apenas no tatame, vão muito além disso.”